Sabe aqueles dias que algo te incomoda, e você não sabe o que
é? Então não é nada disso, eu sei exatamente o que me incomoda, alias sei de
todas as coisas que me perturbam, e a maior parte destas se encerra em mim.
E não estou com aquele “lenga, lenga” que é tudo culpa
minha, isso é camuflagem de quem quer curtir um pouco de auto-piedade, se colocando
como um Atlas de vontade anêmica mas que
se mostra suportando um peso que nunca quis carregar. O que me incomoda muitas
vezes é como eu trato algumas situações, como me irrito e como meu foco muito
vezes se ofusca. Creio que passo muito tempo procurando “por ques” ou pior
tentando entender como este ou aquele individuo pode ter dado tal interpretação
negativa à ingênuas situações.
Hoje colcha de retalhos é “cult” mas na minha infância era
apenas uma maneira de colorir o acesso limitado ao dinheiro, talvez por conta
disso não gosto de remendos e não me contento com explicações “Franksteins”, eu
neoroticamente preciso entender o todo, e talvez este esforço aparentemente inútil
me consuma tanto.
E é nesse ponto que eclode minha maior dúvida, pra que isso?
É um sintoma megalomaníaco por ser um profundo entendedor da natureza humana, algo
mais raso como vaidade ou simplesmente procurar fora as respostas que estão
nesta mente insone?
Para se ter um ideia hoje me indignei com a compreensão da
mocinha da novela da globo com o pai biológico que sequestrou a filha, pode isso?
E o pior foi perceber que minha esposa também tinha pena do ex-hippie, “hã” ????
E acredite isso não é falso moralismo, pois quase dói
de raiva.
Seria a idade chegando? Será que serei daqueles que reclama
ao menor barulho do vizinho, que acha o
cachorro chato, que critica o peixe no aquário por não interagir, ao maldito
Flamengo que não ganha, ao diabo do video cassete
que saiu de moda, ao liberalismo do sol por não aparecer em pleno janeiro?
Parece que minha latente chatice está vindo a tona, mas não
se preocupem não serei vegan.